Muito além de cripto:

tudo que está por trás do tsunami que você não está vendo

Por Marina Mansur, sócia da McKinsey; e Elias Goraieb, sócio sênior da McKinsey

Muito além de cripto:

tudo que está por trás do tsunami que você não está vendo

Por Marina Mansur, sócia da McKinsey; e Elias Goraieb, sócio sênior da McKinsey

A Web 3.0 vai mudar a forma de pensar o mundo digital

Em breve, o controle da experiência e dos dados será menos de grandes corporações e mais de comunidades descentralizadas

A Web 3.0 já movimenta 3 trilhões de dólares no mundo. Atualmente, 300 milhões de pessoas já são donas de algum tipo de criptomoeda. No Brasil, esse número já passa de 10 milhões – estamos entre os cinco países do mundo com mais criptoinvestidores. Mas não se engane... Criptomoedas são só a ponta de um iceberg profundo e transformador chamado Web 3.0. Então, afinal, o que é esta nova internet?

Web 1.0

80s – ​ 00s

​​Descentralizada

Ler

Escrever

Deter

​​Exigia vários minutos para conectar ou baixar um arquivo de poucos kB

​Não armazenava dados de transações anteriores

Aberta e bastante técnica; protocolos permitiam experiência limitada

​Sem incentivos financeiros para os criadores de protocolos inovarem

SMS

​Mensagens

​HTTP

​Páginas da web

SMTP

E-mail

​FTP

Tranferência de arquivos

Web 2.0

​Meados dos anos 2000 – presente

​Centralizada

Ler

Escrever

Deter

​Surgem grande agregadores propondo protocolos fechados, que permitem maior usabilidade e atraem massa de usuários

Construir a própria presença na internet fica mais fácil​​ via redes sociais e blogs; participação e engajamento aumentam

Serviços centralizados mais sofisticados focam em rastreio de informações e na experiência do usuário

Web 3.0

Futuro

Descentralizada

Ler

Escrever

Deter

​​Padrões e protocolos abertos, vinculados a incentivos monetários, geram inovação aberta e visam interoperabilidade

​​Desintermediação de grandes plataformas e agregadores por meio de redes descentralizadas governadas por comunidades

​Mudança na propriedade de dados, dos agregadores para os usuários, alterando a cadeia de valor digital

300 mi

de pessoas possuem ativos digitais no mundo –1 em cada 7 norte-americanos tem ativos digitais

$3 tri

Capitalização ​ de mercado dos ativos digitais combinados. O valor total bloqueado em DeFi é superior a $250 bilhões

$8 bi

As bolsas de DeFi estão processando mais de $8 bi em volume diário ($10 mi em receitas diárias)

$1,7 tri

volume de stablecoins “on-chain” ​ no 2T 2021, mais da metade do volume global da rede de pagamentos

$160 bi

valor das stablecoins atualmente em circulação

50.000

transações por segundo (TPS), alguns blockchains podem processar mais do que as redes de pagamentos com cartão

1.600

negociações de VC em blockchain e ativos digitais nos últimos 12 meses

Dados de janeiro de 2022

Pedras fundamentais da Web 3.0

A Web 3.0 é o conjunto de aplicações que rodam com base em três pedras fundamentais, chamadas de primitivas: blockchain, smart contracts e digital assets. Exemplos de aplicações são o metaverso, NFTs, DAOs e DeFi.

Blockchain

​​Blockchain (corrente de blocos) é uma rede digital distribuída e descentralizada, interligada por uma série de nós.

Cada nó tem a responsabilidade de verificar, autorizar e repetir todas as transações que acontecem dentro dessa rede. São servidores computacionais que rodam o software do blockchain.

Cada vez que uma transação é feita, é acrescentado mais um bloco à corrente, assim, todos os nós mostram o mesmo conjunto de informações.

Os nós podem ser geridos por indivíduos, corretoras ou provedores de carteiras de cripto, entre outras instituições

  • Os nós competem entre si pra definir qual terá o direito de verificar essa transação.
  • A competição pode acontecer de algumas maneiras: no protocolo do Bitcoin, é usado o Proof of Work (PoW), que requer alto poder computacional.
  • O protocolo do Ethereum usa o Proof of Stake (PoS), que contabiliza a importância daquele nó na rede segundo outros fatores, o que requer alto capital.
  • Outros tipos de competição estão sendo desenvolvidos. Os protocolos vivem um trilema entre os requisitos de segurança, descentralização e escalabilidade. Cada um escolhe um vértice para privilegiar.

Smart contracts

O que são

​Smart contracts são programas de software armazenados no blockchain, normalmente usados para automatizar a execução de um acordo ou fluxo de trabalho

Para que servem

​Smart contracts podem servir como aplicativos dentro do blockchain; como oráculos, que fazem a ponte entre o blockchain e o mundo real; e como um meio de tokenização de ativos

O que está por trás

​O Ethereum é o protocolo de blockchain mais usado para criar smart contracts, mas novas alternativas estão sendo cada vez mais adotadas

Contratos tradicionais

Contratos tradicionais são celebrados em termos aplicáveis por lei e descritos em linguagem natural humana – eles não são executados automaticamente

Contratos tradicionais normalmente são caros, exigem 1-3 dias para serem executados, com transferência de valores e garantias

Smart contracts

Smart contracts são programas de computador que executam vários termos de forma automática com base em parâmetros ou variáveis

São executados em poucos minutos por meio de uma transferência automática de valores e por uma fração do custo tradicional

Digital assets

Os ativos digitais podem ser de cinco tipos:

Tokens não fungíveis (NFTs):

Ativos digitais únicos, ou não fungíveis, ou seja, não replicáveis. Existem no espaço digital, mas podem representar qualquer ativo físico, atuando como um “gêmeo digital oficial”. Possibilita a propriedade e a troca de bens físicos dentro dos mercados digitais. A escritura de uma casa, por exemplo, pode ser transformada em um NFT e sua propriedade fragmentada – uma fração dela vendida na rede e não necessariamente a casa toda.

  • NFTs ficaram conhecidos no mundo das artes por conferirem unicidade às obras de arte digitais.
  • Também funcionam como um ingresso que permite acesso a um clube ou comunidade.
  • Têm sido usados no universo dos games e também como direito a voto em DAOs.

Tokens nativos

São as criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum, Solana, criadas principalmente para girar dinheiro dentro do blockchain. Podem ser usadas para pagar pela validação de um smart contract, por exemplo.

Ativos tokenizados do mundo real

Sâo usados para darem liquidez e fracionarem ativos existentes. Bancos têm explorado diversas formas de tokenização: equity, dívidas, commodities, fundos.

Stablecoins e Central Bank Digital Currencies (CBDCs)

São tokens lastreados em uma moeda real, que podem ser usados com paridade de um para um. Têm sido explorados por Bancos Centrais e outras empresas.

Tokens de governança

Tokens que dão direito a voto. Têm sido usados para gerir smart contracts e DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas, na sigla em inglês)

Blockchain

​​Blockchain (corrente de blocos) é uma rede digital distribuída e descentralizada, interligada por uma série de nós.

Cada nó tem a responsabilidade de verificar, autorizar e repetir todas as transações que acontecem dentro dessa rede. São servidores computacionais que rodam o software do blockchain.

Cada vez que uma transação é feita, é acrescentado mais um bloco à corrente, assim, todos os nós mostram o mesmo conjunto de informações.

Os nós podem ser geridos por indivíduos, corretoras ou provedores de carteiras de cripto, entre outras instituições

  • Os nós competem entre si pra definir qual terá o direito de verificar essa transação.
  • A competição pode acontecer de algumas maneiras: no protocolo do Bitcoin, é usado o Proof of Work (PoW), que requer alto poder computacional.
  • O protocolo do Ethereum usa o Proof of Stake (PoS), que contabiliza a importância daquele nó na rede segundo outros fatores, o que requer alto capital.
  • Outros tipos de competição estão sendo desenvolvidos. Os protocolos vivem um trilema entre os requisitos de segurança, descentralização e escalabilidade. Cada um escolhe um vértice para privilegiar.

Smart contracts

O que são

​Smart contracts são programas de software armazenados no blockchain, normalmente usados para automatizar a execução de um acordo ou fluxo de trabalho

Para que servem

​Smart contracts podem servir como aplicativos dentro do blockchain; como oráculos, que fazem a ponte entre o blockchain e o mundo real; e como um meio de tokenização de ativos

O que está por trás

​O Ethereum é o protocolo de blockchain mais usado para criar smart contracts, mas novas alternativas estão sendo cada vez mais adotadas

Contratos tradicionais

Contratos tradicionais são celebrados em termos aplicáveis por lei e descritos em linguagem natural humana – eles não são executados automaticamente

Contratos tradicionais normalmente são caros, exigem 1-3 dias para serem executados, com transferência de valores e garantias

Smart contracts

Smart contracts são programas de computador que executam vários termos de forma automática com base em parâmetros ou variáveis

São executados em poucos minutos por meio de uma transferência automática de valores e por uma fração do custo tradicional

Digital assets

Os ativos digitais podem ser de cinco tipos:

Tokens não fungíveis (NFTs):

Ativos digitais únicos, ou não fungíveis, ou seja, não replicáveis. Existem no espaço digital, mas podem representar qualquer ativo físico, atuando como um “gêmeo digital oficial”. Possibilita a propriedade e a troca de bens físicos dentro dos mercados digitais. A escritura de uma casa, por exemplo, pode ser transformada em um NFT e sua propriedade fragmentada – uma fração dela vendida na rede e não necessariamente a casa toda.

  • NFTs ficaram conhecidos no mundo das artes por conferirem unicidade às obras de arte digitais.
  • Também funcionam como um ingresso que permite acesso a um clube ou comunidade.
  • Têm sido usados no universo dos games e também como direito a voto em DAOs.

Tokens nativos

São as criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum, Solana, criadas principalmente para girar dinheiro dentro do blockchain. Podem ser usadas para pagar pela validação de um smart contract, por exemplo.

Ativos tokenizados do mundo real

Sâo usados para darem liquidez e fracionarem ativos existentes. Bancos têm explorado diversas formas de tokenização: equity, dívidas, commodities, fundos.

Stablecoins e Central Bank Digital Currencies (CBDCs)

São tokens lastreados em uma moeda real, que podem ser usados com paridade de um para um. Têm sido explorados por Bancos Centrais e outras empresas.

Tokens de governança

Tokens que dão direito a voto. Têm sido usados para gerir smart contracts e DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas, na sigla em inglês)

Mas qual é o impacto disso tudo?

01

Grande mudança nos pools de valor e modelos de negócio existentes

Os aplicativos Web3 "substituem" intermediários tradicionais por dados abertos e código inteligente executável, afastando o acúmulo de valor do intermediário e aproximando-o dos usuários e fornecedores/ desenvolvedores

02

Inovação rápida por meio de protocolos abertos

A natureza modular e de código aberto da Web3 acelera o ritmo da inovação e permite testes e desenvolvimento rápidos, que podem superar os processos das empresas tradicionais

03

Interoperabilidade e identidade contínuas

Os dados (e a identidade associada a eles) são armazenados na carteira digital do usuário e podem ser portados entre as plataformas, permitindo experiências "unicanal" contínuas, ancoradas nos ativos e na identidade do usuário

Mas qual é o impacto disso tudo?

01

Grande mudança nos pools de valor e modelos de negócio existentes

Os aplicativos Web3 "substituem" intermediários tradicionais por dados abertos e código inteligente executável, afastando o acúmulo de valor do intermediário e aproximando-o dos usuários e fornecedores/ desenvolvedores

02

Inovação rápida por meio de protocolos abertos

A natureza modular e de código aberto da Web3 acelera o ritmo da inovação e permite testes e desenvolvimento rápidos, que podem superar os processos das empresas tradicionais

03

Interoperabilidade e identidade contínuas

Os dados (e a identidade associada a eles) são armazenados na carteira digital do usuário e podem ser portados entre as plataformas, permitindo experiências "unicanal" contínuas, ancoradas nos ativos e na identidade do usuário

O que você pode fazer agora

Construa familiaridade com o tema

e as novas tecnologias; identifique novos talentos e desenvolva capacidades para explorar o mundo da Web 3.0

Reavalie a sua cadeia de valor

para entender onde a disrupção pode acontecer e como se preparar para isso

Explore novas oportunidades de receita

e potenciais investimentos estratégicos em verticais da Web 3.0 (mas atente-se também aos riscos relacionados)

Preste atenção ao surgimento de novos concorrentes

e modelos de negócios que desafiarão o status quo

Assim como, lá nos anos 1980 e 90, era difícil imaginar a internet que temos hoje, ainda não sabemos bem onde a Web 3.0 vai dar.

Mas já podemos afirmar, sim, que a Web 3.0 é um tsunami que vai chacoalhar múltiplas indústrias. Resta saber a velocidade com que você vai pegar sua prancha.

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Autores

Marina Mansur

Sócia - São Paulo
McKinsey & Company

© 1996-2021 McKinsey & Company